domingo, 9 de agosto de 2009

Sobre Livros: Corpo Presente, de João Paulo Cuenca

Você já leu “Corpo Presente” de João Paulo Cuenca?
É algo que impressiona. Ao mesmo tempo em que não descola de uma sexualidade obsessiva, tornando difícil digerir o conteúdo, a forma é totalmente nova. É um escritor extremamente jovem e editou este livro aos vinte e cinco anos.
Vou copiar um trecho de um capítulo pra você sentir a capacidade do cara:
“Carmen me ajuda a dar significado a todas as coisas, tudo o que eu posso e não posso ver...E todo o resto do mundo, assustador ou desprezível, tudo passa por Carmen, você é a única intérprete que eu tenho. E agora que você se vai, eu preciso aprender tudo do zero. Preciso inventar uma nova linguagem porque tudo que eu disse até hoje foi em termos de você, Carmem...como se você fosse um grande filtro por onde eu tenho que passar, você se interpõe, me envolve, é minha segunda pele....
...Quando escuto sua voz ao telefone, o som fino, suas desafinações, o jeito único de articular as palavras, a voz que tanto me deu paz, que eu precisei ouvir diariamente como uma bênção, como se deus falasse comigo, agora essa voz me afaga e machuca, sangra meus ouvidos. A única religião que eu já tive foi você, Carmen...
...Tento enterrar você, não consigo...Vejo seu rosto em todos os espelhos da casa e a presença do teu corpo ainda pesa...Mesmo morta você está quente, Carmen.Eu não consigo fazer você morrer em mim...
Eu não sei mais o que é sonho nessa realidade tão estranha sem a sua voz para me ler as legendas, sem o futuro que parou de existir. Isso aqui é uma sobrevida sem alma...”


Do outro livro: O Dia Mastroianni.
“A multidão dança revezando-se em pares. Antes do fim, convoco Maria ao baile: enlaço seu corpo num passo desastrado enquanto todos do lado de fora de nós dois desbotam, perdidos noutro fuso.”
Lembra a cena de um filme: Nós que nos amávamos tanto do Ettore Scola.
Gente, é muito mágico!

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