sábado, 6 de junho de 2009

MULHER TEME MAIS APANHAR DO MARIDO DO QUE CÂNCER DE MAMA

Texto de Naiana Oscar e Mônica Cardoso no Jornal da Tarde de 15/04/09

Apanhar do marido ou câncer? Mulher teme mais apanhar do marido do que câncer de mama

Pesquisa realizada com 2 mil pessoas em todas as regiões do País mostra que a principal preocupação é com a violência doméstica. Em segundo lugar está o avanço da aids, seguido pela violência urbana e o câncer

Nem o câncer de mama, nem a possibilidade de contrair aids preocupa mais da brasileira do que o temor de ser agredida em casa pelo companheiro, pelos filhos ou pelos netos. A violência doméstica está no topo de um ranking divulgado ontem pelo Ibope em parceria com o Instituto Avon. “Doença a gente previne e em muitos casos consegue a cura. Mas agressão foge do nosso controle”, disse a agente de saúde Josenilda Ferreira dos Santos, de 37 anos, vítima no mês passado da fúria do ex-marido.

A pesquisa “Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil” ouviu cerca de duas mil pessoas, mulheres e homens, em todas as regiões do País entre 13 e 17 de fevereiro. Comentários como o de Josenilda foram feitos por mais da metade dos entrevistados: 56%. Em 2004, esse índice era de 50%. O aumento dos casos de aids ocupa o segundo lugar (51%), seguidos da violência urbana (36%) e de doenças como câncer de mama e de útero (31%).

Para a promotora de Justiça e professora de direito penal da PUC-SP Eliana Vendramini, a preocupação das mulheres com a agressão dentro de casa dão uma dimensão do quanto elas sofrem com isso no País. “A violência doméstica realmente dói mais do que uma doença física porque é uma surpresa diária e se manifesta de vários modos”, afirmou. Eliana acredita que mesmo diante de uma enfermidade a mulher pode ter “paz espírito” para buscar ajuda, o que não costuma acontecer com aquelas que são agredidas.
No caso de Josenilda, a ajuda foi até ela. Uma viatura de polícia passou bem na hora em que estava sendo estrangulada pelo ex-marido no meio da rua, na Vila Santa Catarina, zona sul da capital. A briga ocorreu no mês passado depois de uma discussão por dinheiro. Mesmo depois da separação, em 2007, os dois viviam na mesma casa com os filhos, um garoto de 12 anos e uma menina de 9. “Nunca passou pela minha cabeça que eu fosse passar por isso”, disse. “Ele me amava tanto que nem queria que tivesse filho para me ter só para ele.” Como houve flagrante, Josenilda poderia ter pedido a prisão do ex-marido mas decidiu apenas registrar um boletim de ocorrência porque não quer atrapalhar a relação dele com os filhos.

De acordo com a pesquisa, a preocupação com a criação dos filhos está entre os principais motivos que levam as mulheres vítimas de agressão a continuar com os parceiros. Cerca de 23% dos entrevistados apontaram essa justificativa. Outros 24% indicaram a falta de condições econômicas para se sustentar. No entanto, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi que 17% das pessoas acreditam que o fim do relacionamento pode ser “punido” pelo agressor com a morte. Esse número sobe para 24% na percepção de jovens de 16 a 24 anos.

“Esse dado mostra que nunca podemos subestimar o relato da vítima. No dia seguinte, ela pode estar morta”, disse a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freira. Ela acredita que o porcentual é influenciado principalmente pela divulgação na mídia de assassinatos que ocorrem por conta do fim do relacionamento. Um caso emblemático citado por ela foi a morte de Eloá Pimentel, 15 anos, assassinada em 2008, pelo ex-namorado por não querer reatar com ele. 16 abr
Segundo a ministra, os dados referentes à violência doméstica no País ainda não são confiáveis. Os números mais recentes considerados pelo ministério são de 2005, quando uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), realizada na Grande São Paulo, apontou que 30% das mulheres já tinham sido agredidas em casa.
O levantamento do Ibope mostra que 55% dos entrevistados conhecem pelo menos um caso de violência doméstica. Mas desse total, apenas 39% disseram já ter colaborado com a vítima de alguma forma, seja por meio de conversas, orientação para a busca de apoio jurídico ou policial e indicação de serviço de ajuda especializada; enquanto 17% relataram preferiram se omitir.
“É preciso mudar a ideia de que em briga de marido e mulher não se mete a colher”, afirma a presidente da comissão da mulher da OAB - SP, Helena Maria Diniz. 16 abr
Vítimas não confiam na proteção jurídica
Vítimas da violência não confiam na proteção jurídica

Fazer com que a mulher procure ajuda e deixe de ser vítima da violência doméstica é um dos maiores desafios do poder público. Problema que é agravado quando as próprias instituições não têm credibilidade. A pesquisa divulgada ontem pelo Ibope mostra que 56% dos entrevistados não confia na proteção jurídica e policial nesses casos.

A própria ministra Nilcéa Freire, à frente da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, considera o serviço deficiente. “Muitas vezes, o relato da vítima é subestimado por policiais despreparados. Quando a vítima fala que é ameaçada, o policial acredita tratar-se de mais uma briguinha de casal”, disse. Além disso, levantamento recente do Conselho Nacional de Justiça dá conta de que apenas 2% dos 75.829 processos concluídos resultaram na condenação dos agressores.

Embora o porcentual coloque em xeque o cumprimento da Lei Maria da Penha, os especialistas comemoram a disseminação da legislação: quatro em cada cinco pessoas afirmam conhecer a lei.

Para a presidente da União de Mulheres de São Paulo, Maria Amélia de Almeida Telles, a situação só vai mudar quando o poder público capacitar a polícia e o judiciário, tornando o atendimento multidisciplinar. “É necessário que esses profissionais trabalhem em conjunto com médicos, assistentes sociais e psicólogos”, afirmou.

No País existem 410 Delegacias da Mulher. Nilcéa admite que a quantidade não é suficiente mas diz que a solução é a capacitação de profissionais que possam trabalhar em qualquer delegacia e não apenas ampliar o número de unidades.

A secretaria mantém uma central de atendimento, no número 180, 24 horas, para vítimas da violência. Neste ano, já foram feitos 88 mil atendimentos, um terço do total do ano passado, de 280 mil atendimentos. Até julho, o serviço deve incluir atendimento a mulheres com deficiência auditiva .
(MATERIAL COPIADO DA COMUNIDADE DO ORKUT: ABAIXO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER)

2 comentários:

  1. Este é outro assunto conflitante... antes da delegacia da mulher existir, as mulheres ao prestar queixa das agressões, tinham que fornecer provas de que foram agredidas (clro que as marcas pelo corpo , acabavam sendo uma "prova", mas tinham que provar que o agressor era o marido, ou conjuge, namorado, noive, "bofe"...srsrsrs...e muitas vezes não tinham como provar, por estarem só perante o agressor...então depois da violencia sofrida, ao se expor para levar adiante a acusação, passado alguns dias ou ate mesmo em seguida qdo o agressor era achado, se o mesmo não apresentasse sinal algum de violencia , (tipo marcas no seu corpo que caracterizassem uma luta, ou defesa da vitima) e fosse cara de pau o suficiente par negar sem qualquer constragimento , ainda podia processar a declarante , revertendo a situação e passando a ser vitima.....isso é INCRIVEL... além claro deque ao chegarem casa , ou mesmo a mulher se escondendo na csa de alguem ainda sofria ameaças, qdo ainda não era mesmo espancada da mesma maneira... "para aprender a ficar calada"..., então foram anos de castração sobre denuncias deste tipo , pois simplesmente não havia amparo legal... somente depois de muita e repetidas vezes, qdo havia alguem que pudsse ser testemunha, é que criavam coragem par denunciar...é tão absurdo qto o caso de pedofilia, a situação é a mesma... acuação pela força, pelo constrangimento....pela "prova" ...e essa violencia emocional deixa rastros dificies de serem banidos... não me espanta que as mulheres tenham mais medo da violencia domestica que da Aids, sim é absurdo, mas perfeitamente propicio, pois sobere a Aids, tudo é amplamente divulgdo, falado, ha centros de apoio, prevenção, etc... torço muito para que esse "mito" de que a mulher tem que sofrer calada, desapareça por completo da nossa sociedade, quem sabe agora com a delegacia de mulher elas se sintam mais amparadas, não precisando esperar tanto tempo para criar corgem e denunciar as agressões...e estas não precisam ser necessariamente só fisicas.... quem sabe assim vendo o exomplo da mãe, os filhos ao ver que quaçquer tipo de agressaõ , invasão, coação é errado sigam o exemplo e denunciem sem medo seus agressores...namaste a todos! LYS

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  2. O problema é que a mulher tem mais vergonha de dizer que apanha ou apanhou do marido do que teve ou tem cancer de mama. Mulheres, voces precisam acordar do pesadelo da violencia. NINGUEM merece apanhar!!!

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