segunda-feira, 2 de março de 2009

TROCAS

Por Raquel Ribas Chaves

Sou do tempo que a palavra história também já teve grafia sem “h” . Depois, não sei o que aconteceu, ficou história mesmo. Era história para nos referirmos a acontecimentos históricos e estória para os demais. Agora, temos uma nova ortografia da língua portuguesa, dizem que é para uniformizar o idioma, facilitar a interação dos países que a comungam, com direito a um período para adaptação. Então, se por um tempo escrevermos na velha ou na nova ortografia, tudo bem, vale do mesmo jeito. A escolha é nossa entre trocar logo, ou continuar a escrever do modo como era antes, até que alguém nos chame de antiga por não praticar as novas regras. Fiquei pensando como tudo, absolutamente tudo na vida muda, até a estabilidade do nosso casto idioma ameaça nosso comodismo. Certas mudanças exigem adaptação sem muito esforço. Mas há outras que nos cobram um preço muito caro, como o dos juros que pagamos em nosso país, os mais altos do mundo!!! E da mesma forma que nos sentimos impotentes para mudar esse quadro, o dos juros, às vezes nos sentimos impotentes para mudar coisas básicas em nossa vida. Falta atitude. E, às vezes, só falta um empurrão para a atitude ser tomada. Pode ser a ginástica de que temos preguiça, a alimentação mais saudável para perder uns pneuzinhos, o tabaco que nos fulmina o organismo aos poucos, coisas assim, bem do dia a dia. (E agora, dia a dia tem ou não tem hífen?) Mudanças como essas podemos ou não fazer. Às vezes, começamos, paramos, recomeçamos... No exemplo, com exceção do tabaco, os resultados, via de regra, não são irreversíveis. Penso que a atitude mais difícil ainda é aquela que devemos ter em relação a nós mesmas, quando sofremos algum abalo emocional, em razão de situações provocadas por pessoas que nos são muito queridas. Como quando somos traídas, enganadas, roubadas por alguém em quem depositávamos nossa confiança. Ou quando uma doença grave nos surpreende. Não me refiro a atitudes através de ações que implicam em tomar medidas práticas para encaminhar a situação da melhor maneira, como a escolha de um tratamento, de um médico, de um advogado. Afinal, temos que fazer algo no mundo lá fora para resolver o problema. Refiro-me à atitude mental e emocional em relação ao nosso mundo aqui dentro. Essa pode ser a maior armadilha criada por nós mesmas. Podemos escolher: ficarmos fechadas, encolhidas numa clausura, ou nos abrirmos para a troca. Há situações na vida que tem tudo para fazer a gente se comparar a qualquer personagem de novela. Só que, na novela, o autor vai dando um jeito, ao longo das tramas e, mais ou menos, óbvios desfechos, de acordo com a preferência do público. Na vida real, a autoria é nossa. Se dermos voltas, vais e vens, se encompridarmos o caminho, nós é que perdemos tempo e energia. E fazemos isso por que? Porque isto depende do conhecimento e controle que temos ou não sobre nossa própria mente. Tudo está aqui na nossa mente! Quando estamos em dificuldade e ficamos patinando sobre nossos próprios pensamentos, ruminando sentimentos, sem troca, vamos, cada vez mais, alimentando a inércia, contaminando a lucidez, retardando a atitude, Com a troca, seja uma terapia ou seja a conversa, que pode ser mais séria, ou mais brincalhona, mais científica ou mais intuitiva, passamos a enxergar melhor as situações e a nos enxergar com mais imparcialidade. Então, penso que iniciativas honestas que se proponham a ajudar na difícil tarefa do auto conhecimento e, a partir daí, auxiliar no controle da direção que desejamos dar aos nossos sentimentos e à própria vida, são bem vindas. Assim, espero que este blog, de iniciativa de uma das pessoas mais sérias e “do bem” que já conheci, prospere e cumpra sua função. Ele está no início, irá sofrer adaptações e dependerá da disposição de suas adeptas para, de acordo com a disponibilidade de cada uma, poder alcançar a interação desejada. Felizes trocas, meninas!

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